PALAVRA DO PÁROCO

PÁROCO: PADRE PEDRO JORGE DELGADO BENTO - ASSUMIU A PARÓQUIA NO DIA 28 DE JANEIRO DE 2012


O padre Pedro Jorge proclama a Palavra, no dia de sua posse


"O TESOURO CRISTÃO ESTÁ NOS CÉUS"

Padre Pedro Jorge Delgado Bento

“Prestai atenção, meus filhinhos : o tesouro do cristão não está na Terra, mas nos Céus. Por isso, o nosso pensamento deve estar voltado para onde está o nosso tesouro. Esta é a mais bela profissão do homem : rezar e amar. Se rezais e amais, eis aí a felicidade do homem sobre a Terra.
A oração nada mais é do que a união com Deus. Quando alguém tem o coração puro e unido a Deus, sente em si mesmo uma suavidade e doçura que inebria, e uma luz maravilhosa que envolve.
Nesta intima união, Deus e a alma são como dois pedaços de cera, fundidos num só, de tal modo que ninguém mais pode separar. Como é bela esta união com Deus com sua pequenina criatura! É uma felicidade impossível de compreender.
Nós nos havíamos tornado indignos de rezar. Deus, porém, na sua bondade, permitiu-nos falar com ele. Nossa oração é o incenso que mais lhe agrada. Meus filhinhos, o vosso coração é por demais pequeno, mas a oração o dilata e torna capaz de amar a Deus.
A oração faz saborear antecipadamente a felicidade do Céu; é como o mel que se derrama sobre a alma e faz com que tudo nos seja doce. Na oração bem feita, os sofrimentos desaparecem, como a neve que se derrete sob os raios do sol.
Outro benefício que nos é dado pela oração: o tempo passa tão depressa e com tanta satisfação para o homem, que nem se percebe sua duração. Escutai: certa vez, quando eu era pároco em Bresse, tive que percorrer grandes distancias para substituir quase todos os meu colegas que estavam doentes; nessas intermináveis caminhadas, rezava ao bom Senhor e - podeis crer! - o tempo não parecia longo.
Há pessoas que mergulham profundamente na oração, como peixes na água, porque estão inteiramente entregues a Deus. Não há divisões em seu coração. Ó como eu amo estas almas generosas! São Francisco de Assis e Santa Clara viam nosso Senhor e conversavam com ele do mesmo modo como nós conversamos uns com os outros.
Nós, ao invés, quantas vezes entramos na Igreja sem saber o que iremos pedir. E, no entanto, sempre que vamos ter com alguém, sabemos perfeitamente o motivo porque vamos. Há até mesmo pessoas que parecem falar com Deus deste modo: "Só tenho duas palavras para vos dizer e logo ficar livre de vós..."
Muitas vezes penso nisto; quando vamos adorar a Deus, podemos alcançar tudo o que desejamos, se o pedirmos com Fé viva e coração puro.”
Do Catecismo de São João Maria Vianney, presbítero (Catéchisme sur la priere: A Monnin, Esprit du Curé d' Ars, Paris 1899, pp. 87-89) (Séc. XIX)


PADRE JEFERSON BATISTA DA CRUZ - PÁROCO ENTRE JULHO DE 2010 E JANEIRO DE 2012
Padre Jéferson Batista da Cruz 

AS FORÇAS QUE MUDAM A HISTÓRIA SÃO AS MESMAS QUE MUDAM O CORAÇÃO DO HOMEM

(*) Padre Jéferson Batista da Cruz

Ao iniciarmos mais um ano de trabalho, também se faz necessário avaliar, planejar e projetar as nossas forças, o que Deus nos comunica por meio de sua Palavra para trilharmos um caminho de conversão e santidade. Pois a vida é uma continua conversão. A conversão nos encaminha para uma espiritualidade e uma ética que nos ajude a reconhecer Cristo presente na realidade e a compreender a crise provocada pelo ídolo moderno do lucro nas suas ramificações: danificação das relações vitais, a miséria crescente dos pobres, a legitimação global da riqueza e do luxo para uma elite em detrimento do enfraquecimento dos valores morais éticos e cristãos.
Estamos vivendo uma grande crise social, econômica e política que envolve o nosso cotidiano, nos deixa tomados pelo desconcerto. Estamos angustiados porque vemos a cada dia, mais e mais, irmãos nossos serem levados brutalmente, enquanto a nossa cidade, estado e país parecem atônitos e olham desorientados para tudo o que se passa em sua volta”. Por que esta crise nos encontra assim desarmados, a ponto  de não conseguirmos nem mesmo  estar de acordo  para enfrentá-la, mesmo  que sintamos essa urgência como nunca? Surpreendentemente, parece-nos que a natureza desta crise é a “perda do desejo” que se manifesta em cada aspecto da vida. Temos menos vontade de crescer, refletir, trabalhar, de buscar a felicidade...?
A isto se atribuiria a responsabilidade pelas “evidentes manifestações de fragilidade tanto pessoais quanto de massa, comportamentos e atitudes desorientadas, indiferentes, cínicas, passivamente adaptativas, prisioneiras das influências midiáticas, condenadas ao presente sem profundidade de memória e de futuro”. Tudo isso nos mostra que a crise é, sim, social, econômica e nos diz respeito, mas é, sobretudo antropológica porque diz respeito à concepção mesma de pessoa, da natureza do seu desejo, do seu relacionamento com a realidade.
            Estávamos iludidos de que o desejo se manteria com vida por si mesmo ou então que seria mais vivo na nova situação de bem-estar a que se chegou com a tecnologia e o avanço da ciência. A experiência mostra, pelo contrário, que o desejo pode achatar-se se não encontrar um objeto à altura das suas exigências. Encontramo-nos todos, assim, “saciados e desesperados”. No achatamento do desejo está a origem da desorientação dos jovens e do cinismo dos adultos do voluntarismo sem alento e sem horizonte, sem genialidade e sem espaço. Qual é a alternativa? Voltar a desejar é a virtude necessária para reativar a nossa comunidade e contagiar a nossa sociedade já muito apagada e achatada pela ilusão dos ídolos modernos. Mas, quem ou o que pode despertar o desejo? Já não será suficiente uma resposta ideológica. Por isso, se faz necessário testemunhar uma experiência que mostre a autenticidade da pretensão cristã de ter algo a mais para oferecer. Como Bento XVI recordou, “a contribuição dos cristãos é decisiva apenas se a inteligência da fé se torna inteligência da realidade”. Deverá mostrar que Cristo está tão presente que é capaz de despertar a pessoa e, portanto, todo o seu desejo. Como? Através da presença de pessoas que manifestam uma humanidade diversa em todos os campos da vida social. Acolhendo a presença de Deus em nossas relações, nossas decisões e ações.
A Palavra de Deus nos educa a viver um estilo de vida diferente ao que nos é proposto pela sociedade capitalista. No Reino a meta é a Salvação de toda a pessoa humana sem distinções. Jesus convida cobradores de impostos, mercadores, pescadores, artesãos, enfim homens e mulheres de boa vontade para juntos construírem o Reino de Deus. Uma atitude marca a correspondência entre o chamado de Jesus e o sim daqueles a quem Ele chama. A resposta que brota do desejo do coração exige correspondência: “eles imediatamente deixaram a barca e o pai, e o seguiram” Mt 4,22; “Este levantando-se o seguiu”Mt 9,9b. O chamado de Jesus a cada um de nós exige uma resposta imediata, que deve brotar do desejo do nosso coração em segui-lo, pois “só tu tens palavras de vida eterna”Jo 6,69b . Porém, quando escutamos a Palavra d´Ele é que a verdade nos enobrece e torna-nos homens e mulheres livres, capazes de amar de verdade e o seguir. Pois, as forças que mudam a história são as mesmas que mudam o coração do homem. Caminhemos juntos, num só coração, para que nossa vida e testemunho sejam um grande sinal de Cristo presente em nós.